Gênero em minuto: quarto programa

Dando continuidade ao nosso programa Gênero em minuto, abaixo você pode conferir o quarto áudio produzido pelos residentes do Costinha. E se quiser, sugere conteúdos pra gente!

Abertura
E ai pessoal, tudo bem? Aqui quem fala é a equipe do Centro de Identidade de Gênero do Grupo Hospitalar Conceição, o AMIG. Enquanto o nosso serviço não abre, vamos, toda a semana, gravar o nosso programa Gênero em Minuto do Amig na intenção de qualificarmos o nosso conhecimento geral sobre esse assunto.

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No nosso papo da semana passada a gente tinha começado a falar sobre as identidades trans. Sobre esse tema, a gente vem utilizando os termos guarda-chuva “transgênero” ou “transexual” e nossa ideia é falarmos um pouco mais sobre isso hoje.

Existem experiências locais e regionais que nomeiam as identidades trans de acordo com a cultura e a história de cada sociedade. É o caso, por exemplo, da palavra travesti, que é própria do continente latino-americano, da palavra hijra, própria da Índia, ou das berdaches no México. Sobre as travestis, uma historiadora trans chamada Giuseppe Campuzano conta que a palavra foi usada inicialmente entre os colonizadores espanhóis para identificar pessoas nativas da América Andina que usavam roupas identificadas por eles como, entre aspas, do gênero oposto. Com o passar do tempo, essa palavra foi sendo reconhecida como uma identidade de gênero e é por isso que tem diferença usar a palavra travesti na América Latina ou na Europa por exemplo, pois ela assume significados distintos.

No Brasil, as travestis possuem uma história social muito marcada também pela repressão policial e pela criminalização dos seus modos e condições de vida, o que faz inclusive com que algumas pessoas pensem que travestis são sinônimo de crime, balbúrdia, marginalidade, etc. Na verdade esses são estereótipos que foram colados nessas pessoas e que também contribuíram para a precarização das suas vidas, de modo que hoje em dia a expectativa de vida dessa população não ultrapassa os 35 anos e mais de 90 por cento delas está no mercado do sexo.

Por outro lado, a palavra transexual sempre esteve mais conectada ao debate médico e psiquiátrico do que foi sendo chamado, na história médica, de transtorno de identidade de gênero e, depois, de incongruência e disforia de gênero. No fundo o que queremos dizer é que os usos dessas palavras foram também fabricando o significado que elas possuem hoje para nós e na vida das pessoas trans, pois elas também assumiram, em diferentes níveis, essas narrativas. Aprofundar a história dessas categorias vai ficar também para um próximo encontro. Até lá!

Créditos

Esta gravação foi realizada no dia 28 de abril de 2020 e o texto foi produzido por Guilherme Gomes Ferreira. A edição é feita pela Mayara Floss e as vozes são de Louise Jara Ramos, Mayara Floss e Luiza Dias Corrêa.

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